segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Vitrine Express: Leituras Descoladas

Fragmentos

Meu pai não mora mais aqui
Caio Riter

"Comentei com minha mãe e ela até chorou. Deitou a cabeça no meu colo e ficou olhando para o teto. Eu não perguntei, mas acho que sei sobre o que ela estava pensando. Acho que sei. Devia ser o mesmo que eu: meu pai está vivo. Vivo. E isso é maravilhoso. Em que casa ele mora talvez até não importe muito mesmo, como diz a Juliana. O importante é que ele é meu pai.
E esta vivo.
O pai do Tadeu não."


A maldição do olhar
Jorge Miguel Marinho

"Aceitou simplesmente que o filho trancado era o melhor que podia acontecer. Assim não precisava ficar sondando os passos de José Régio, que a cada dia andava pior. Era difícil viver desconfiando do marido, mas ultimamente ele tinha dado de fazer coisas muito esquisitas. Até de passar as noites dentro de um velho baú. Atitude patética para um vampiro imundo, com a barriga flácida de beber sangria e o peito sempre carregado de rancor."


Brincos de ouro e sentimentos pingentes
Luiz Antonio Aguiar

"... era só me virar pra ele e insinuar um pouco a minha boca, que ele vinha (sei disso, ele vinha!)... Ou precisava de menos ainda, era só ficar olhando, bem nos olhos deles, e não deixar os olhos dele escaparem dos meus — caçar-armadilhar-abater —, que ele vinha. Ele vinha, como se eu mandasse uma ordem pra a boca dele e o resto da cabeça e os pensamentos não conseguirem resistir.
Ele vinha.
Fiquei... eufórica... essa é a palavra... quando percebi que..."


A Última Guerra
Luis Bras e Tereza Yamashita

"E você aí, todo confortável nesse sofá, nessa cama, ou seja lá onde você resolveu se acomodar. Por que não foi lá pra fora? Por que preferiu ficar aí com esse livro nas mãos? Você é mesmo um felizardo por não saber o que é uma guerra. Por nunca ter passado pelo que eu estou passando. Fome, frio, medo. E, agora isto: um homem com os olhos do diabo, perambulando pela cidade. Pelo que sobrou da cidade! De agora em diante, como é que vou poder dormir em paz sabendo que ele está por aí, à solta? O próprio..."


Baratinada
Marilia Pirillo

"Ah, não! A barata de novo! Desta vez, ela tinha subido na estante onde estava a tevê. Vai ver ela também queria ver a cena de beijo bem de pertinho. Hahahaha! Vou pro meu quarto, pensei. E se a barata for também? E se ela me seguir? Ah, barata no meu quarto, não, isso é demais! Acho que vou buscar um inseticida. Quem garante que essa barata espaçosa não vai subir na minha cama e caminhar pelo meu braço e... argh! Me arrepiei! Chega! Pulei do sofá e corri até a área de serviço. Peguei o inseticida e voltei decidida a matar a barata. Mas ela não estava mais lá, nem..."


O segredo do tempo
Sandra Pina

"Ainda não deu para tentar ir à caverna. Imagina escorregar nesta lama e ficar toda suja? Já que tá difícil, o o jeito é dar uma volta. Ir ao galinheiro pegar ovos fresquinhos é até divertido. Tem cinco galinhas, um galo e nasceram vários pintinhos ontem. Mas legal mesmo foi o tombo do Fael. Ele resolveu entrar no galinheiro pra dar comida. Não satisfeito, foi atrás das galinhas. Acho engraçado vê-las correndo de um lado pro outro. Escorregou na lama. Foi demais. Alegrou a nossa tarde!!! Ele? Emburrou a cara o resto do dia."
*

Um comentário:

  1. Agora é moda as editoras lançarem capas em coleção? Afff! Não gosto. Enquadra e deixa todas as letras com a mesma cara. Isso não é SPFW!
    ;o)

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.